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Síndrome de Down e orientação sexual: como ensinar os limites desde cedo

      A educação, mais do que doutrinar alguém em relação a algum assunto, tem o objetivo de instruir e dar toda informação necessária para que esse alguém consiga ter autonomia e pensamento crítico em relação ao que lhe é ensinado.  A educação sexual, assim como a temática da sexualidade, deve ser abordada como qualquer outra que você ensina aos seus filhos, e é importante para o desenvolvimento afetivo e emocional. Por que será que superprotegemos nossos filhos com down dessa temática tão importante?

     Apesar de já termos dado dicas sobre autonomia e sexualidade anteriormente, a partir da relevância do assunto e das questões que percebemos no dia a dia, no post de hoje decidimos tratar a iniciação sexual no sentido conceitual e prático, abordando temas como afetividade, limites público e privado, relacionamentos ( qualquer tipo delas, seja com a família, vizinhos ou simplesmente aqueles que cruzamos na rua) , e debatendo sobre um ponto chave: conduta.

    Recentemente, em um dos encontros do grupo “Juntos e Misturados”, iniciativa do Instituto Mano Down para realizar a prática da inclusão na sociedade, iniciou-se uma conversa curiosa entre quatro adolescentes com down. Entenda o assunto:

Pessoa 1: Nossa , queria muito namorar a Fulana

Pessoa 2: Então, porque não namora? Chega lá e beija ela

Pessoa 1: É só fazer isso?

Pessoa 3: Eu namoro a Cleo Pires, eu vejo a foto e beijo.

Pessoa 1: Não sabia que podia fazer isso.

Pessoa 4: Cada um namora quem quiser. Eu namoro meu professor.

     Diante disso, entendemos a necessidade de conversarmos com mais atenção sobre a sexualidade, incluindo uma série de temas relacionados e não somente, a relação sexual em si. Para inicio da reflexão, ressaltamos que alguns jovens com síndrome de down se comportam de maneira pouco apropriada – em algumas situações- pois não lhes foi ensinados conceitos básicos como, por exemplo, os limites entre público e privado. O que, por consequência, gera dúvida sobre condutas sociais e situações relacionadas. Entenda com alguns exemplos práticos: nadar pelado ou masturbação podem ser atitudes sem grandes implicações para uma criança, mas inadequados para jovens e adultos. E aí está o perigo. Ao não abordarmos o tema com jovens e adultos, infantilizando seu comportamento, podem gerar situações desagradáveis e até mesmo comprometer a sua segurança

   Desse modo, selecionamos algumas questões importantes a seguir que devem ser bem planejados ao iniciar a abordagem do tema com seus filhos:

Planeje por onde começar

Os pontos para iniciar a educação sexual podem variar, dependendo da criança, da sua maturidade e de fatores pessoais. Perceba as assunto que geram mais interesse ou dúvidas, integre pessoas – ou coisas- que seu filho tem mais afinidade ou quando achar que ele esteja mais receptivo a receber aquela informação. O modo como ele irá receber os ensinamentos partirá de você, e por isso, aja com segurança.

Defina parâmetros, limites e distinções.

Durante o crescimento e o desenvolvimento das relações afetivas das crianças, você vai se deparar com situações em que necessita estabelecer limites. Apesar disso, você pode e deve iniciar, por conta própria, a definir as diferenças entre público e privado, como partes do corpo, lugares, ações e gestos. É preciso ensinar o modo como dirigir-se a cada pessoa, dependendo do grau de relação estabelecido, assim como o tipo de contato, de conversa e principalmente, de confiança. Desse modo, ficam mais claras questões essenciais relacionadas à segurança e privacidade, como por exemplo, sobre como reagir quando alguém te toca sem aprovação ou de forma incorreta. É mais fácil cuidar de si mesmo quando sabe-se o que é …

Estabeleça diversos modos de interação

Sabermos que cada família conhece o seu filho melhor que ninguém para decidir o que e quando é melhor para o seu bem estar, e por esse motivo, é você quem deve perceber a melhor hora para iniciar o assunto. Pode ser em uma ocasião específica devido a uma atitude que ele teve, uma pergunta que fez, ou por você simplesmente achar que chegou o momento. Fique atento a cada etapa de desenvolvimento que será mais fácil perceber o tempo certo. Caso tenha dúvidas, entrar em contato com mães que estão vivendo o mesmo dilema pode ajuda-la nessas questões. O Portal Incluo oferece um banco de dados para que pessoas com down, independente de idade e região, por exemplo, possam se conectar. Se você ainda não fez o cadastro, clique aqui e saiba como fazer parte.

Fique atento às dúvidas e tabus

Lembre-se que a educação sexual não é somente sexo, trata-se de sentimentos, limites, condutas, relações, etc. Um dos objetivos da educação sexual é esclarecer falsos conceitos e mitos, por isso tente ser o mais claro e específico possível. Ter cautela ajuda no processo, assim como utilizar palavras corretas. E lembre-se: sempre respeite a privacidade de cada um durante todo o processo.

Gostou desse relato? Como você aborda o tema com seus filhos? Relate suas experiências nos comentários.

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